Thursday, August 24, 2006


Encontros

Olhos dissimuladamente verdadeiros, àqueles que conseguem ver toda beleza de frente, sorte..., pois conhecerá um coração. Verdade gravada em íris cor de cedro, inclinadas para baixo, obliqüidade fascinante, olhar de superioridade de quem ainda não sabe quem é, defesa? Não. Para mim, foi ataque. Libertou desejos de insignificâncias, de não pedir explicações, tudo se tornou tão pouco diante de tamanha magnitude que perdeu o sentido, perdeu a capacidade de gerar porquês. O mundo é tão pequeno diante de fascínios como estes que se dissipa qualquer necessidade de explicações, é inexplicavelmente simples... basta sentir, o cheiro, a pele, a respiração, ofegante ou não, a falta de respiração que antecede ao beijo, aquele momento em que lábios se encontram e que o universo para por milésimos de segundo, a terra não teria a audácia de girar, se envergonharia de perder em energia e emoção, o sol não geraria tanto calor quanto os dois corpos ao primeiro toque, os corpos se afastariam, quiçá por orgulho, diante de tanta entrega. Coração parou, respiração parou... ali só eu e mais alguém, o corpo esquentou e a alma pediu um pouco mais que a carne foi capaz de oferecer.
O dia derrama melancolia em mim, faz-me vitima de meus sentimentos, dá-me inspiração pra essas chorosas linhas. Nascendo em meus braços uma criatura até então desconhecida, calma, tranqüila, bem diferente do que parece ser... soube me deixar vulnerável, suscetível a novos sentimentos, um falar manso em busca de carinho, uma falta de atitude audaciosa, um não soando como um sim, uma falta de reciprocidade, um consentimento estarrecedor.
Hoje só quero a lua por companhia... não me arriscaria duas vezes no mesmo dia!

Sunday, August 20, 2006


Queria ser menos que uma Ilha.

Solidão, esse era seu nome, ela um dia sorriu para mim, uma linda jovem de rosto amarguradamente enrugado, cabelos ao vento e pés encharcados das próprias lágrimas. Morreu jovem, já tendo nascido velha de um parto prematuro, pois estava fadada a ser só e o quanto antes deixasse o ventre, cumpriria o seu destino.
Foi-me boa companhia em vagos dias, em cada luta e a cada coração partido, tão só era ela, que nunca se deixou passar muito tempo em minha companhia, queria passar anos a seu lado, queria ser menos que uma ilha.
Queria tê-la sempre comigo, molhar meus pés em suas lágrimas, uni-las às minhas, não que eu queira ser só, mas, simplesmente, para não ter que sentir a dor de vê-la chegar, nem o remorso de alegrar-me ao ver uma velha jovem amiga partir.